Em maio deste ano, um casal presenciou o que pode se aproximar de um milagre. Antes de vir ao mundo, o filho deles precisou passar por uma cirurgia inédita, ainda dentro do útero da mãe, em um procedimento considerado de alto risco.
Quando estava no segundo trimestre de gravidez, a jornalista Polyana Resende Brant, de 38 anos, descobriu através dos exames de pré-natal que seu bebê tinha um tumor na região do tórax que estava comprimindo alguns órgãos.
É uma condição muito rara, chamada de sequestro pulmonar, no qual a massa se assemelha a um pulmão — e é irrigada por vasos sanguíneos — mas não tem nenhuma função específica.
“Esse tumor, apesar de não ser maligno, ou seja, não ser um câncer, estava crescendo e comprimindo os órgãos do bebê, além de ‘roubar’ parte do sangue do corpo e fazer com que água ficasse depositada na região do pulmão”, diz Danielle do Brasil, médica especializada em cirurgia fetal do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, Brasil.
Se a gestação continuasse sem qualquer intervenção cirúrgica, o bebê de Polyana não iria sobreviver. Fazer um parto de emergência era inviável pois ela só estava 29 semanas de gravidez, considerada extremamente prematura, e seria também um enorme risco para o bebê.
A Dra. Danielle do Brasil foi indicada após Polyana procurar por médicos que cuidassem de casos de alto risco. Ela explicou que as descrições existentes na literatura médica indicavam que para um caso como esse, a ação a ser tomada seria queimar um dos vasos que abasteciam o tumor com sangue.
Depois do procedimento de queimar o vaso, o tumor reduziu. Porém, após uma semana, tornou a crescer. Os médicos descobriram que a circulação do tumor fez outro caminho, fazendo com que a massa continuasse a crescer e aumentando o líquido no tórax do bebê.
Por isso, a equipe médica especializada decidiu não mais tentar queimar apenas o vaso sanguíneo. Eles optaram por realizar uma nova cirurgia, essa inédita, e, desta vez, para queimar o tumor inteiro.
Polyana e seu marido, o servidor público Tiago Resende Brant, também de 38 anos, aceitaram a tentativa para salvar o filho.
Depois de um procedimento de duas horas e meia, dessa vez, o tumor não voltou a crescer, e no fim da gestação, Ragnar nasceu.
O primeiro raio-x de tórax feito após seu nascimento não mostrou nenhum sinal do tumor.
Ragnar nasceu de parto cesárea no 18 de maio deste ano, com 3,2 kg e 49 centímetros. Hoje, os pais aproveitam a alegria ao lado do primeiro filho e saudável.
Imagem de Capa: Reprodução