A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) realizou nesta terça-feira, 17/12, a reunião para discutir os limites de gordura trans usadas nas indústrias de alimentos no Brasil. Na proposta, aprovada por unanimidade, ficou determinado que as mudanças irão acontecer de forma gradativa.
Inicialmente será limitado a 2% a quantidade de gorduras trans presentes nos óleos refinados, que são adquiridos através da produção industrial. Essa adequação deve ser cumprida a partir de 1º de julho de 2021. A partir dessa data, até 1º de janeiro de 2023, será estabelecido o limite de 2% de gordura trans presente em todos os alimentos industrializados e comercializados. E a última fase será de banimento da gordura parcialmente hidrogenada, que é a gordura trans usada pelas indústrias na produção de alimentos, e deverá ser implementada a partir de 1º de janeiro de 2023.
Essas medidas pretendem proteger e oferecer mais saúde à população, pois o consumo excessivo desse tipo de gordura é prejudicial à saúde, favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, elevando o risco de problemas doenças coronarianos, como também, aumento do colesterol ruim (LDL) e diminuição do colesterol bom (HDL).
Relacionadas ao entupimento de artérias, infartos e AVC, aumentam o risco de morte.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde, em 2015, foram 424.058 óbitos causado por infarto agudo do miocárdio, hipertensão, arritmias e outras complicações cardiovasculares, sendo 31% do total das mortes. Em todo o mundo, são aproximadamente 500 mil óbitos por ano.
As gorduras trans podem ser encontradas nos mais variados alimentos industrializados, como por exemplo:
- margarinas,
- biscoitos salgados ou doces,
- salgadinhos,
- massas instantâneas,
- sorvetes,
- pizzas e outras comidas congeladas,
- pipocas de micro-ondas,
- óleos para fritura que envolvem altas temperaturas por longos períodos.
O que é gorduras trans?
As gorduras trans são um tipo de gordura que de forma natural pode ser encontrada em alimentos derivados de animais ruminantes como os bois, cabras, carneiros, entre outros. As carnes, gorduras e banhas, como também o leite integral, queijos, manteiga, iogurtes, possuem concentrações muito baixas de gorduras trans, por isso é seguro o seu consumo.
As gorduras trans produzidas industrialmente, pelo processo de hidrogenação parcial de óleos vegetais ou no seu tratamento térmico, são as que atingem níveis elevados e prejudiciais. Esses processos são utilizados para tornar a gordura mais sólida, melhorar o aspecto dos alimentos, ficando mais crocantes ou com a textura que a empresa quer que o produto tenha, como também prolongam o tempo de validade.
Com essas medidas, o objetivo é reduzir o consumo de gorduras trans para menos de 1% do valor energético total da alimentação, diminuir o teor de gorduras trans dos alimentos que são fritos e proporcionar informações mais claras nos rótulos dos produtos.
Atualmente, 49 países já praticam medidas regulatórias para limitar as gorduras trans presentes em alimentos. Entre eles estão Estados Unidos, Canadá, Chile, Argentina, África do Sul, Irã e países da União Europeia. E já existe tecnologia suficiente para a indústria alimentícia substituir a gordura trans dos alimentos.
Imagem de Capa: Cleyton Ewerton ne Pexels