Uma menina equatoriana de 7 anos, em meio à pandemia, foi com a família para a Espanha para realizar um tratamento novo, a terapia de prótons, que a Clínica Universitária de Navarra aplica em sua sede em Madri.
O câncer de Ahinara era perfeitamente adequado para o tratamento, e após encerrar as sessões, conseguiu eliminar completamente um tumor cerebral, que havia sido diagnosticado por médicos de seu país meses antes, sem deixar sequelas.
A terapia de prótons é um tipo de radioterapia que, em vez de fótons (como na terapia de radiação tradicional), usa prótons para destruir tecidos tumorais.
Pablo Menéndez, diretor da Área de Radioterapia do Instituto Angel H. Roffo de Oncologia da Universidade de Buenos Aires, em entrevista à BBC Mundo, explicou que: “Em tumores localizados no sistema nervoso central, na base do crânio, na região da cabeça, na medula espinhal ou que estão muito próximos a tecidos que precisam ser preservados, bem como em pacientes que receberam radiação antes, é particularmente importante reduzir a dose de radiação para tecidos saudáveis ao redor do tumor”.
Com a terapia de prótons, é possível utilizar a dose máxima de radiação no tumor pois os feixes passam pelo corpo humano concentrado de zero a dois ou três milímetros além do tumor, preservando os outros tecidos.
“Nesses casos, é essencial minimizar os efeitos colaterais nos tecidos normais porque quando as crianças sobrevivem, e elas sobrevivem maciçamente ao câncer infantil, ficam com sequelas que limitam sua vida a longo prazo”, disse o médico Felipe Calvo, Diretor da Unidade de Terapia de Prótons da Clínica da Universidade de Navarra.
“A maioria dos tumores infantis são cerebrais, e cérebros que foram irradiados com fótons e sobrevivem por muito tempo apresentam problemas neurocognitivos”, acrescenta o médico, que faz parte da equipe que tratou de Ahinara.
Geralmente, o tratamento tem duração de 5 a 25 dias dependendo do tumor. No caso de Ahinara, foram 30 sessões, uma por dia.
O disparo do feixe de prótons leva menos de um minuto, mas o procedimento demora um pouco mais porque o corpo deve estar na posição exata dentro da máquina e isso pode levar entre 20 e 25 minutos. As crianças com menos de oito anos recebem anestesia para que permanecerem totalmente imóveis.
“O procedimento não dói e a anestesia é feita com gases”, explica Elena Panizo, especialista em Oncologia Pediátrica da Clínica da Universidade de Navarra que tratou de Ahinara.
De volta ao Equador, Ahinara hoje leva uma vida normal: ela continua estudando virtualmente, devido à pandemia, e brincando com Anael, sua inseparável irmã.
Infelizmente, a terapia de prótons é uma técnica complicada que exige um investimento alto, bem como recursos para a manutenção dos equipamentos e tudo o que tenha a ver com assistência médica. Desta forma, a terapia é cara por ser de alta precisão e está disponível em apenas alguns lugares do mundo para o tratamento de tipos específicos de câncer.
Fonte: BBC News Brasil
Adaptado por Equipe Ideias Nutritivas
Imagem de Capa: Clínica Universidad de Navarra